Segundo análise, do Imperial College London e Organização Mundial da Saúde (OMS) quase metade dessas pessoas não sabia que tinha pressão alta.
A população mundial de adultos hipertensos vem crescendo nos últimos 30 anos passando de 650 milhões para 1,28 bilhões como aponta o estudo do ano passado liderado pelo Imperial College London e Organização Mundial da Saúde (OMS). Continua depois da publicidade
Dados que corroboram com esta crescente são os levantados pela área de Data e Analytics da Dasa, que mostraram que os casos de hipertensão arterial atendidos pelos hospitais da rede no Rio de Janeiro – Complexo Hospitalar de Niterói (CHN) e São Lucas Copacabana – cresceram 14% nos quatro primeiros meses de 2022 quando comparados com o mesmo período do ano passado. O aumento também foi registrado na comparação entre 2021 e 2020, com 35% a mais de atendimentos para casos de pressão alta nessas unidades hospitalares.
Especialistas alertam para os riscos desse aumento. “A hipertensão é uma doença crônica e silenciosa responsável por provocar 40% dos infartos, 80% dos derrames e 25% dos casos de insuficiência renal no país”, afirma Flávia Verocai, médica responsável pela Unidade de Cardiologia do Hospital São Lucas Copacabana.
Nesse contexto, a análise aponta, ainda, o crescimento no volume de atendimentos relacionados à outras doenças cardiovasculares potencializadas pela pressão alta, como o infarto agudo do miocárdio (IAM), que teve aumento de 23,33%, enquanto o atendimento de casos de acidente vascular cerebral (AVC) subiu 14,5% na comparação entre 2021 e 2020.
Para Ana Luiza Sales, cardiologista e coordenadora do Programa de Insuficiência Cardíaca e Transplante Cardíaco do CHN, o aumento dos casos de hipertensão pode ser reflexo do gap de cuidados causado pela pandemia e pelo isolamento necessário. “A população se afastou das consultas e dos exames periódicos e limitou suas atividades, o que afeta a saúde do coração, principalmente de idosos”, comenta a médica.
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Pressão sob controle
Flávia Verocai explica que, ao circular pelo corpo, o sangue exerce uma força contra as paredes arteriais, considerada normal para seu funcionamento. Contudo, quando os níveis passam de 140/90 mmHg, ou 14 x 9, por períodos prolongados, pode-se confirmar o diagnóstico de hipertensão arterial.
A doença não costuma causar sintomas, mas alguns sinais podem indicar a necessidade de investigar a pressão alta, como aponta a médica: dor de cabeça e na região da nuca; cansaço; tontura; zumbido nos ouvidos; visão embaçada e até náuseas. “Se, naquele momento, a pessoa tiver um pico hipertensivo, pode-se notar alguns desses sinais, que estão entre as principais queixas de pacientes que estão no pronto-socorro cardiológico”, analisa Verocai.
Nesses casos, a identificação precoce e o atendimento ágil são importantes, uma vez que a pressão descontrolada é um fator de risco para o desenvolvimento de outros problemas de saúde, como pontua Ana Luiza Sales: “Quando não devidamente tratada, a hipertensão pode sobrecarregar o músculo cardíaco e evoluir para a disfunção deste, causando um quadro mais grave, a insuficiência cardíaca, condição clínica em que o coração não consegue bombear de maneira adequada o sangue oxigenado pelo corpo”, explica Sales.
As cardiologistas são unânimes: consultas regulares e check-up são extremamente importantes para monitorar a saúde e diminuir o risco de acidente vascular cerebral e infarto, entre outras condições. Elas recomendam que pessoas acima dos 40 anos ou com histórico familiar da doença busquem um especialista para acompanhamento anual.
Edição: Tribuna de Parnaíba