Com um a menos, Corinthians suportou pressão do Boca Juniors, empatou e mantém topo. Flamengo supera Católica e está garantido nas oitavas da Libertadores
O Corinthians arrancou um empate por 1 a 1 com o Boca Juniors na Bombonera, nesta terça-feira (17), e praticamente garantiu sua vaga nas oitavas de final da Libertadores. Lidera o Grupo E com oito pontos e se classifica com uma simples vitória sobre o Always Ready, da Bolívia, na próxima semana (dia 26). E tem grandes chances de fechar a fase como primeiro da chave. Continua depois da publicidade
O jogo foi bastante disputado, com as conhecidas confusões entre brasileiros e argentinos. Para neutralizar e tirar o entusiasmo do Boca, o técnico Vítor Pereira montou uma linha defensiva com cinco jogadores – os três zagueiros, Robson Bambu, João Victor e Raul Gustavo; e os dois alas, Lucas Piton, pela direita, e Fábio Santos. Isso atraia os argentinos para seu campo, mas eles não conseguiam concluir jogadas.
O Corinthians tinha dificuldade para sair da defesa. Até que depois de 15 minutos o Alvinegro conseguiu uma escapada e um escanteio. Na cobrança de Maycon, Du Queiroz disputou com a zaga e Raul Gustavo, meio sem querer, ajeitou para o volante chutar de pé esquerdo no canto esquerdo. Primeiro gol de Du Queiroz em seu 41.º jogo pelo time principal do Corinthians.
O problema foi que depois do gol, o Corinthians não soube explorar a vantagem para tentar aumentá-la. O time se retraiu muito, dando campo ao Boca. O time argentino passou a atacar bastante, empurrando os brasileiros para dentro de sua própria área. Quase marcou com Salvio e pouco depois chegou ao empate como consequência da pressão.
Em mais uma bola levantada na área, Raul Gustavo afastou mal, Maycon perdeu uma disputa pelo alto e a bola sobrou para Benedetto bater cruzado para superar Cássio.
A etapa final começou com o Corinthians se atrapalhando seguidamente na saída de bola. Em uma dessas ocasiões, Salvio só não virou porque Cássio saiu e fez grande defesa.
Mudanças
Só dava Boca e Vítor Pereira resolveu mexer logo. Colocou Renato Augusto, Cantillo e Mantuan nos lugares de Willian, Maycon e Bambu, respectivamente. Desfez os três zagueiros, Piton passou a ocupar a lateral-direita e abriu Mantuan e Gustavo pelos lados no ataque. E com Renato no meio, o objetivo era sair da pressão e ficar um pouco com a bola.
Deu certo por alguns minutos. Mas o jogo ficou tumultuado e, numa das brigas, Cantillo agrediu Pol Fernández e foi expulso, 11 minutos depois de entrar em campo – Vítor Pereira se meteu na confusão e também levou vermelho.
A partir daí, o Boca, para quem a vitória era muito importante por jogar em casa e por sua situação na tabela, retomou a pressão. Ao Corinthians restou tentar se defender com a raça característica, ganhando tempo e segurando a bola sempre que possível. Foi um sufoco. Mas conseguiu.
Ficha técnica
Boca Juniors 1 X 1 Corinthians
- Boca Juniors – Rossi; Advincula, Esquerdoz, Zambrano e Fabra; Varela, Pol Fernández, Zeballos, Oscar Romero; Salvio, Ceballos (Vázquez) e Benedetto. Técnico: Sebástian Battaglia.
- Corinthians – Cássio; Robson Bambu (Mantuan), João Victor e Raul Gustavo; Lucas Piton (Gil), Maycon (Cantillo), Du Queiroz, Willian (Renato Augusto) e Fábio Santos; Gustavo Mosquito e Jô (Junior Moraes). Técnico: Vítor Pereira.
Gols – Du Queiroz, aos 16, e Benedetto, aos 42 minutos do primeiro tempo.
Árbitro – Christian Ferreyra (URU).
- Cartões amarelos – Jô, Robson Bambu, Renato Augusto, Gustavo Mantuan, Raul Gustavo e Fábio Santos (Corinthians), Benedetto, Varela e Esquerdoz (Boca Juniors).
- Cartão vermelho – Cantillo (Corinthians).
Público e renda – Não divulgados.
Local – La Bombonera, em Buenos Aires.
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Em dia de cobranças, Flamengo supera Católica e vai às oitavas da Libertadores
Não foi nada fácil o retorno do Flamengo ao Maracanã após sete jogos disputados longe do estádio. Já no aquecimento, jogadores, diretoria e o técnico Paulo Sousa sofreram com as enormes cobranças das arquibancadas. Com boa apresentação, vitória por 3 a 0 sobre a Universidad Católica, e classificação antecipada às oitavas de final da Copa Libertadores, a equipe superou as adversidades, amenizou a crise e ganhou paz para se reencontrar na temporada de altos e baixos.
Cobrado por não brilhar em campo, desta vez o Flamengo mostrou o futebol vistoso tão exigido pelos torcedores. Sobretudo no primeiro tempo, no qual criou bastante chances e poderia ter ido ao intervalo com vantagem ainda maior que os 2 a 0 tivesse caprichado um pouco mais.
Pedro, no fim, ainda ampliou, garantindo um respiro ao técnico Paulo Sousa – terceira festa ao lado do treinador na beira do campo – e com a torcida deixando as vaias e cobranças de lado para aplaudir a apresentação segura.
O Flamengo entrou em gramado sob enorme pressão pela falta de resultados positivos. Indignados, os flamenguistas ensaiaram diversas músicas em tom de cobrança. Queriam “raça, respeito, disposição e comprometimento.”
O técnico português Paulo Sousa, ainda sofrendo com o fantasma do compatriota Jorge Jesus, e o goleiro Hugo Souza, por causa da falha no empate por 2 a 2 com o Ceará, eram os alvos principais. Nas arquibancadas, foram flagrados vários cartazes com “Fora Paulo Sousa” e também pedindo o retorno de Jorge Jesus, que já foi para Portugal sob a promessa que não retorna ao Brasil. O grito de “mister” também se fez presente.
O goleiro sofria com vaias a cada toque na bola. Ele levou um gol por cobertura no 2 a 2 do Ceará e a torcida queria vê-lo fora do time. Santos, seu reserva, está machucado. A diretoria não passou despercebida. “Fora (Rodolfo) Landim”, e “Fora (Marcos) Braz”, também traziam os cartazes, cobrando as saídas do presidente e do vice de futebol. Eles ainda foram vítimas de coros ofensivos, com palavrões e que diziam que o clube não precisa deles.
Com tamanha cobrança, o jogo começou tenso. Em dois minutos, Andreas e Matheuzinho já estavam pendurados ao levarem cartão amarelo por falta em Saavedra. Na beirada, Paulo Sousa pedia calma. Viu Gabriel perder boa chance e logo vibrou em repeteco dos lances de gols contra o Ceará. Cruzamento de Arrascaeta e cabeçada de Arão para as redes. Terceiro gol seguido em cabeçada do volante e assistência do uruguaio.
Diante de um rival frágil e vibrando como há tempos não se via, os flamenguistas foram rapidamente “ganhando” as arquibancadas. O time festejou junto, na beirada do campo, em roda na qual estava o comandante português. Demonstração de apoio ao chefe em momento tenso.
Muito superior em campo, o Flamengo demonstrava que os gols seriam questão de tempo. Após desperdiçar algumas oportunidades, o time ampliou em linda trama que começou na defesa. Bruno Henrique recebeu na esquerda e rolou para Arão achar Arrascaeta. O uruguaio tocou para Matheuzinho cruzar, Bruno Henrique ajeitou de cabeça e Everton Ribeiro deu peixinho para ampliar. Linda jogada coletiva e nova festa em volta de Paulo Sousa.
Há tempos devendo futebol, Éverton Ribeiro foi um dos destaques dos 45 minutos iniciais, enquanto Gabigol novamente perdeu chances incríveis. Hugo, nervoso, quase entregou antes do intervalo. A trave o salvou.
O goleiro teve 15 minutos para colocar a cabeça no lugar e também foi importante após o intervalo. Depois de novos protestos no retorno ao gramado, Hugo Souza fez duas boas defesas e acabou ganhando uma trégua, ao ser aplaudido após o segundo lance.
Visivelmente satisfeito com a vantagem aberta, o Flamengo voltou cadenciando mais as jogadas nos 45 minutos finais e apenas partindo nos contragolpes. Em um deles, o cruzamento de Matheuzinho quase termina com gol de Gabigol. O atacante chegou um pouco atrasado no carrinho e se desesperou por mais uma vez não conseguir marcar.
Já com mais de a metade da etapa jogada, o português resolveu poupar Bruno Henrique, Gabigol e Matheuzinho, já visando compromisso com o Goiás, novamente no Maracanã, desta vez pelo Brasileirão. A torcida veria nova boa intervenção de Hugo em cabeçada de Zampedri.
Querendo jogar mais, Pedro “imitou” o camisa 9 e perdeu gol feito. A redenção veio depois, com o centroavante não desperdiçando sua segunda oportunidade na noite. Um belo gol, driblando duas vezes o marcador antes de mandar para as redes.
Ficha técnica
Flamengo 3 X 0 Universidad Católica
- Flamengo – Hugo Souza; Matheuzinho (Rodinei), Rodrigo Caio, Pablo e Ayrton Lucas; Willian Arão, Andreas Pereira (Gomes), Everton Ribeiro e De Arrascaeta (Victor Hugo); Bruno Henrique (Lázaro) e Gabriel Barbosa (Pedro). Técnico – Paulo Sousa.
- Universidad Católica – Pérez; Asta-Buruaga, Paz (Tapia) e Parot; Astudillo (Rebolledo), Saavedra, Cuevas, Fuendaliza e Gutiérrez; Valência e Zampedri. Técnico: Rodrigo Valenzuela.
Gols – Willian Arão, aos 6, e Everton Ribeiro, aos 38 minutos do primeiro tempo; Pedro, aos 44 do segundo.
Árbitro – Jhon Ospina (COL).
- Cartões amarelos – Andreas, Matheuzinho e Willian Arão (Flamengo) e Astudillo, Tapia e Gutiérrez (Universidad Católica)
Renda – R$ 2.493.062,50.
Público – 43.532 presentes.
Local – Maracanã, no Rio.
Fonte: AE / edição: Tribuna de Parnaíba