Os leitos de internação pediátrica são aqueles destinados a crianças que precisam permanecer no hospital por mais de 24 horas.
Um levantamento divulgado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) mostra que o Piauí perdeu, nos últimos nove anos, 400 leitos de internação pediátrica. Em todo país, a redução neste período alcançou 15,9 mil leitos.
Os dados, segundo a SBP, foram levantados junto ao Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (CNES), mantido pelo Ministério da Saúde.
Em 2010, o Piauí possuía 1.605 leitos. Em 2019, o número caiu para 1.205, sendo 1.060 da da rede do Sistema Único de Saúde (SUS). Do total de leitos, 300 estão disponíveis na capital. Já os leitos de UTI neonatal são apenas 106 em todo estado.
Para Luciana Rodrigues Silva, presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, informações coincidem com o panorama de limitações e precária infraestrutura que se apresenta àqueles que diariamente atuam nos serviços de assistência pediátrica. “A queda na qualidade do atendimento tem relação direta com recursos materiais insuficientes. Essa progressiva redução no número de leitos implica obviamente em mais riscos para os pacientes, assim como demonstra o sucateamento que se alastra pela maioria dos serviços de saúde do País”, afirma.
De acordo com ela, entre os agravos que mais têm levado as crianças a precisar de internação estão as doenças respiratórias, com prevalência acentuada nos períodos de outono e inverno, como bronquiolites, crises de asma e pneumonias. Os problemas gastrointestinais, casos de alergias e as chamadas arboviroses, também de ocorrência sazonal, completam a lista que contribuem para o crescimento dessa demanda.
No caso das UTIs neonatal, a estimativa do Departamento Científico de Neonatologia da SBP é de, pelo menos, quatro leitos para cada grupo de mil nascidos vivos. No Piauí, esta proporção é de 2,18 leitos.
É natural que a necessidade de leitos de UTI neonatal mude em função do número de nascidos vivos de cada localidade. No entanto, os indicadores revelam uma distribuição desproporcional mesmo levando em conta a frequência de nascimentos prematuros ou de baixo peso em cada região. Luciana Rodrigues acredita que “não há equidade no acesso aos leitos disponíveis, sobretudo no setor público”.