Em grego, idios quer dizer “o mesmo”. Idiotes, de onde veio o nosso termo “idiota”, é o sujeito que nada enxerga além dele mesmo, que julga tudo pela sua própria pequenez.
Por: Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte parnaibano
“São uns idiotas úteis que estão sendo usados como massa de manobra de uma minoria espertalhona que compõe o núcleo das universidades federais no Brasil”, essa foi a declaração do Presidente Jair Bolsonaro na porta do hotel em que estava hospedado em Dallas, nos Estados Unidos, quando foi questionado, na quarta-feira 15, sobre as manifestações para denunciar os cortes do Orçamento que atingiram a educação.
Em grego, idios quer dizer “o mesmo”. Idiotes, de onde veio o nosso termo “idiota”, é o sujeito que nada enxerga além dele mesmo, que julga tudo pela sua própria pequenez.
Este episódio nos leva a reflexões sobre o momento que vivemos. As redes sociais estão inundadas de análises (posicionamentos extremistas – direita x esquerda) e a imprensa que faz a festa com narrativas a favor do atual governo e outras suplicando a volta do PT. Sem discutir o mais importante: o Brasil e os brasileiros! À margem de tudo isso, outros tantos silenciam…
A distância que separa o silêncio da voz é um abismo constituído sócio historicamente. Quem fala e quem silencia? O que pode ou não ser dito? Nesse continuum histórico de discursos parte considerável da sociedade, especialmente, os mais fragilizados, foram reiteradamente silenciados através da exclusão dos espaços de poder e da negação ao acesso a uma perspectiva de vida com dignidade. Os espertalhões palacianos ditam o ritmo, nas três esferas de poder!
O debate ideológico acentuado nas últimas duas décadas no Brasil é perigoso! Esquerda e Direita estão amparadas nos manuais de seus respectivos mentores intelectuais e órgãos de mídia. Ambas as correntes defendem um projeto de poder, numa nítida estratégia de polarização. Atacam-se mutuamente, estão a se projetar em índices comparativos entre si, tudo orquestrado! Isto vale para Brasília, para Teresina e para Parnaibinha de Nossa Senhora da Divina Graça!
Afora as duas ideologias e suas defesas, não há sobras para outro debate. Pobre sociedade! Nesta perspectiva, a política opera sobre uma lógica de controle e exploração, que foi e é, historicamente, eficaz em reproduzir sistemas de signos que garantem a manutenção do poder a partir da idiotice e desigualdade entre as pessoas, como condição ideal para a dominação imposta.
Essa desigualdade apoia-se na educação sem qualidade e no desemprego. Nenhum indivíduo pode ser livre sem informação e sem as garantias primárias de uma vida digna. Uma sociedade onde a maioria das pessoas vive sem letras e sem emprego, toda a prosperidade é falsa!
A essa rede de ausência de políticas públicas que promova a dignidade humana somam-se construtos simbólicos e representacionais de uma ideologia que se assevera ser a melhor para a sociedade, afora ela, nada serve! Tanto garante a esquerda, quanto a direita!
Repito, o caminho que os espertalhões destas correntes ideológicas estão sugerindo (impondo sutilmente) à sociedade é perigoso, mas como caminho ele pode ser seguido ou não. Cabe a nós, entender o que está por trás de todo esse jogo. O perigo reside na dormência, na omissão, ou seja, na sociedade entender isso como a única forma de organização possível e aceitá-la passivamente. Que é o que nos ocorre, há muito tempo! Nesse momento, um passo importante é ter a noção exata (consciência) de como essa articulação ocorre e a quem beneficia, compreendendo que é engenhosamente planejada. CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
É preciso desnaturalizar os conceitos para descortinar as estruturas de poder e os interesses que silenciaram o verdadeiro sentido da vida em sociedade.
Os resultados desta nociva forma de se fazer política no Brasil extrapolaram todos os limites. É preciso repudiá-la, pois nunca será ético tolerar a miséria, dar vazão livre à injustiça, violentar-se na corrupção. Contrapondo-se, pode-se encontrar o caminho para a liberdade! Para superação deste modelo vencido é necessário ultrapassar a forma equivocada de organização social vigente. A herança de extrema injustiça social entre nós, ainda agravada pela colonialidade do saber e de um modelo econômico concentrador e excludente, implica demandas sociais de curto prazo em formações sociais cujas estruturas de poder precisam ser implodidas.
Os “idiotas úteis” e os inúteis sequer sabem o poder que têm, quando despertarem e perceberem o quanto foram e são usados farão a grande diferença! Liberdade ainda que tardia!