O amplo apagão colocou em evidência as limitações do país para além do colapso que aflige a população,
Fonte: El País Brasil
Neste domingo (10), a Venezuela estava há quase três dias sem luz e no escuro há vários anos. Grande parte do país entrou em colapso devido ao apagão de quinta-feira, 7.
Na madrugada de sexta-feira para sábado algumas cidades, incluindo a capital, Caracas, recuperaram o fornecimento de luz. O que parecia ser o fim de horas de incerteza, desespero e cansaço, foi apenas um breve interregno. Pela manhã, a energia voltou a se esfumar.
Nunca antes em sua história recente a Venezuela viveu uma situação semelhante tão prolongada, o que demonstra a fragilidade de sua infraestrutura, especialmente a de energia. As limitações, no entanto, estão longe de ser algo novo. As últimas 48 horas não fizeram mais do que reproduzir com força cenas que fazem parte do cotidiano dos venezuelanos.
“Isso é um desgaste da má administração”
Román Cárdenas está acostumado aos cortes de energia no país, apesar de nunca ter experimentado um tão duradouro. Enrolado em uma bandeira da Venezuela, caminha para chegar à mobilização convocada por Juan Guaidó.
Antes de começar seu trajeto de oeste para leste de Caracas, tropeça no primeiro obstáculo: a estação de metrô está fechada. Os vizinhos atribuem ao apagão; ele, a motivos políticos. “Você acredita que se estivesse tudo bem o metrô estaria fechado? Alegam que é sabotagem, mas é simplesmente o desgaste da má administração. Em 2009 houve uma crise muito profunda do sistema elétrico quando Chávez decretou emergência nacional e por aí se foram vários milhões de dólares”, critica o funcionário público cuja voz não treme apesar da intimidação aos trabalhadores do Estado durante o chavismo. “Homem com medo é homem morto. Nós, venezuelanos precisamos assumir o papel de cidadãos democratas e participar”, afirma.