Tremor de 7,1 graus precipitou a erupção de um vulcão que especialistas haviam previsto para outubro. A chuva de cinzas afetou Morelos, uma das regiões mais abaladas pelo terremoto.
“Imagine uma garrafa de refrigerante. Pense o que aconteceria se a agitássemos com força e a abríssemos. Ao fazer isso, todo o gás acumulado sairia voando”, explica a este jornal o diretor do Centro Nacional de Prevenção de Desastres (Cenapred), Hugo Delgado. Algo parecido aconteceu com o vulcão Popocatépetl depois do terremoto que abalou o centro do México no dia 19 de setembro e causou mais de 330 mortes.
O terremoto também moveu as entranhas do colosso de mais de 5.400 metros de altura, que na quarta-feira amanheceu com uma fumarola de dois quilômetros, com vapor d’água e cinzas, lembrando ao centro do país que ele está mais vivo do que nunca. E a apenas 60 quilômetros da capital.
Embora o órgão encarregado de monitorar o vulcão explique que a atividade está dentro dos parâmetros habituais e em uma fase mínima de risco, reconhece que o terremoto precipitou a erupção. “Antes dos tremores tínhamos visto manifestações indicando que estava havendo acumulação de material magmático na cratera. Portanto, sabíamos que isso iria acontecer, mas havíamos previsto que seria em outubro. O mais provável era que o tremor tenha feito com que acontecesse antes”, explica o diretor do órgão e doutor em vulcanologia.
O Popocatépetl, que na língua náuatle significa “montanha fumegante”, é monitorado 24 horas por quatro câmeras de vídeo que transmitem toda a sua atividade ao vivo. Em um raio de 100 quilômetros vivem cerca de 27 milhões de pessoas e, portanto, sempre que o vulcão entra em erupção todos os alarmes são ligados. Os habitantes do centro do país se perguntam se a natureza pode dar uma trégua.